quarta-feira, 16 de março de 2011

CASO DO ATIVISTA ENCONTRADO MORTO EM DUERÉ-TO

Foto de Sebastião Bezerra da Silva
Reconstituição do assassinato deve ocorrer nesta semana.
Contradições nos depoimentos dos três irmãos presos acusados de matar o advogado e ativista de direitos humanos Sebastião Bezerra da Silva, 40 anos, vão fazer com que a Polícia Civil promova, ainda nesta semana, a reconstituição do crime. O advogado era coordenador do Centro de Direitos Humanos de Cristalândia, a 165 quilômetros de Palmas, na região central do Estado. O assassinato ocorreu no último dia 27 de fevereiro, em Dueré, no Sul do Tocantins.  O corpo de Silva foi encontrado com sinais de espancamento.
Ontem, a Delegacia Especializada em Investigação Criminal (Deic) de Gurupi, responsável pela apuração do caso, apresentou os três suspeitos para os meios de comunicação - Janes Miguel Gonçalves Júnior, 19 anos,  Ricardo José Gonçalves, 20 anos, e Rogério Gonçalves, 26 anos.
Janes Miguel e Ricardo José
Eles estão presos na Casa de Prisão Provisória (CPP) de Gurupi. A reconstituição do crime deve acontecer porque, segundo o delegado responsável pelo caso, Jacson Ribas, as contradições nos depoimentos dos envolvidos só devem ser esclarecidas com esse trabalho e com o confronto de provas periciais.
Os irmãos foram apresentados na Delegacia Especializada em Investigação Criminal (Deic) de Gurupi, depois que dois deles foram transferidos de Goiânia (GO), onde foram presos pela Polícia Civil daquele Estado no último sábado. Eles já eram considerado foragidos.
A Polícia Civil do Tocantins conseguiu prender os acusados com a participação da Deic de Goiás, depois que a Justiça decretou a quebra do sigilo telefônico dos acusados. "Com a localização dos dois, acionamos Goiás, que nos atendeu prontamente neste caso", disse o delegado Jacson Ribas.
LIGAÇÃO
Em um dos trechos de ligação interceptada pela polícia, Janes confirma a um amigo que cometeu o crime junto com os seus irmãos. "Na gravação, o Janes garante a participação do Rogério, mas o Ricardo nega o tempo todo. A gente vai fazer a reconstituição ainda esta semana, uma vez que deveremos assim confrontar também os depoimentos com as provas apuradas pela perícia, porque eles se contradizem em alguns pontos", frisou o delegado, afirmando que uma das provas a serem confrontadas serão as ligações e e-mails trocados entre Ricardo e o ativista. "O Ricardo confessou que mantinha um relacionamento com o ativista. Confirmamos contatos entre ambos desde o mês de setembro do ano passado, através de torpedos, ligações e e-mails, o que facilitou um encontro em um motel da cidade", frisou.
O delegado disse que a polícia suspeitava de possíveis relacionamentos homo afetivos do advogado, mas, com intuito de preservar os familiares, a informação não foi divulgada antes, mesmo com questionamento do Jornal do Tocantins. Porém, segundo Ribas, a própria família do ativista apresentou uma lista de contatos com nomes de vários homens e telefones e entre eles estava o do Ricardo Gonçalves. O advogado era casado e tinha duas filhas.
Em relação à participação de Rogério no crime, o delegado afirmou que pelo peso do corpo e localização uma terceira pessoa deve ter ajudado os irmãos a carregar o cadáver.
CONFESSAR
Para a imprensa, Ricardo também confessou o crime e disse que mantinha contato com o ativista via internet e telefone. Ele disse ainda que no dia do crime sabia que a vítima havia recebido um dinheiro e por isso decidiu se passar por garoto de programa para assaltar o ativista, afirmando que levou o irmão Janes e uma corda para amarrar a vítima quando fosse tomar a carteira. Porém, segundo ele, Silva reagiu. Então, eles enforcaram a vítima. O acusado afirmou que, ao perceber que a vítima tinha parado de respirar, decidiu colocar o corpo no carro e, com a ajuda de Janes Junior, levou a vítima para Dueré. Ele não citou a participação de Rogério.
INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA
Trecho de diálogo entre Janes, Bruno e Rubiane
Rubiane – Oi
Júnior - Rubiane deixa eu te falar, manda o número do Rubim
Rubiane - Número de quem?
Júnior - Do celular Rubim
Rubiane - Quem tá falando?
Júnior - É eu, Júnior
Rubiane - É quem?
Júnior - Eu, Júnior
Rubiane - Júnior?
Júnior - É moço
Rubiane - Uai Rubim não tem número não. Mas se você quiser falar com ele, liga 10 horas que ele vai ta aqui e eu passo pra ele
Júnior - Só 10 horas?
Rubiane - É Júnior Macalé?
Júnior - É eu mesmo
Júnior - Manda Bruno passar o número dele
Rubiane - Rubim não tem celular
Júnior - Não, o Bruno
Rubiane - Ele tá sem
Júnior - Ele tá ai perto do cê?
Rubiane - Liga 10 horas que eu passo pra ele
Bruno – Oi
Júnior - Ô Bruno. Ou tenho que falar com o Rubim agora
Bruno – Hum
Júnior - Moço, sabe lá em Tocantins lá. Vou falar um trem pro cê, mas não dá idéia pra ninguém lá. Eu, Ricardo e Rogério nós matou um advogado para pegar o Fusion dele, nois "torou" e vendeu. Nois tá com o dinheiro. Negócio que o povo ficou sabendo, qualquer coisa nois vai é preso. Agora tem que achar casa pra morar. Eu tô aqui em Santa Helena.
Bruno - Tô ligado
Júnior - Nois tá com mandado
Bruno - Tô ligado
Bruno - Polícia já foi quatro vezes lá
Júnior - Agora não sei se volto. Tô trabalhando aqui, me derrubaram lá e eu sei quem é
Bruno - Foi quatro viaturas lá
Júnior - O trem tá feio
Fonte: Ceila Menezes/JT

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